Editorial
Resumen
Há momentos nos quais mesmo os mais estóicos esmorecem. Geralmente, os motivos para o desalento decorrem da situação socialmente adversa ou inusitada, que escapa à nossa possibilidade de ação. Em tal niilismo embargam-se as emoções que presidem o julgamento cotidiano, especialmente quando se infringem as expectativas de que a realidade seja tratada de maneira lógica e imparcial, que o individual e particular não submeta o coletivo e universal. A perda de confiança em pessoas e instituições pode se materializar como a gota d’água que preenche totalmente o recipiente. Pode decorrer de acontecimentos prosaicos, pelo acúmulo de informações que estimulam o descrédito ou pela simples constatação de que raramente as situações chegam ao final esperado. Nessas circunstâncias, a crença na justiça sofre a ação corrosiva da realidade, levando a duvidar que seja possível creditar sentido à existência.