Atualização Bibliográfica
Resumen
Esta Secção apresenta resumos de artigos sobre bioética recentemente publicados, alguns dos quais são acompanhados de um contéudo editorial. Esses resumos são elaborados a partir de artigos originais ou de matérias inseridas na publicação mensal Bioethics Literature Review (University Publishing Group, Frederick, Md. Estados Unidos).
[ A discussão a respeito do suicídio assistido ganhou ainda mais força nos Estados Unidos a partir de março de 1996, quando um Tribunal Federal de São Francisco derrubou, por 8 votos a 3, uma lei do Estado de Washington que tornava o suicídio assistido um crime. Na sua decisão, o Tribunal argumentou que os indivíduos têm o direito de escolher o momento e a forma de sua própria morte, um direito que não poderia ser suplantado pelo interesse do Estado em preservar a vida ou impedir o suicídio, desde que o indivíduo estivesse mentalmente competente e com uma doença terminal. A controvérsia torna-se ainda mais acirrada a partir de um estudo publicado no final de junho na revista Lancet, pelo eticista Ezequiel J. Emanuel, que analisou, pela primeira vez com base científica, o ponto de vista de pacientes americanos com câncer a respeito da eutanásia e suicídio assistido. O autor concluiu que, ao contrário do que se acredita habitualmente, os pacientes com dor muito intensa aprovam a eutanásia ou o suicídio assistido menos freqüentemente que outros pacientes com câncer. A conclusão de Emanuel é que existe uma divergência significante entre o ponto de vista do público a respeito do suicídio assistido em tese e a forma como os pacientes com câncer reagem quando confrontados com dor muito intensa e doença terminal. De acordo com Emanuel, "nossos dados indicam que os pacientes com câncer, que têm dor, estão realmente interessados em se livrar da dor, e não em morrer". O estudo também verificou que pacientes com depressão são os que com mais freqüência contemplam a possibilidade de eutanásia ou suicídio assistido.]