O Aborto e o Transplante de Tecido Fetal
Resumo
Os autores tecem considerações sobre os transplantes de tecidos fetais a partir de abortos. Destacam que a discussão dos aspectos éticos, que é mundial com relação a essa prática, cinge-se praticamente aos casos de aborto provocado. Até mesmo porque o aborto espontâneo, indesejado pela mãe, não apenas não oferece a previsibilidade que o aborto provocado tem (permitindo portanto que se ative a estrutura para retirada de tecidos), como também pressupõe aspectos patológicos inerentes à vida da mãe e do feto que podem contra-indicar a utilização do tecido. Faz-se revisão bibliográfica, inicialmente das referências às possíveis indicações da prática, e, depois, dos principais questionamentos éticos surgidos para sua viabilização. Porém, os autores, não se limitando a referir as variadas tendências dos aticistas (principalmente norte-americanos), procuram tomar posição pessoal quanto à matéria. Esta, distancia-se das "bandeiras" moralistas, do tipo "não se deve autorizar as retiradas de tecidos fetais pós-aborto para não se eliminar, sob o rótulo da benemerência, os sentimentos de culpa das mulheres que produzem o aborto em si mesmas", tentando vislumbrar as coerências e incoerências do posicionamento ético (estas últimas caracterizadas por uma posição favorável ao aborto desejado, e favorável ao transplante de tecido fetal, mas temerosa quanto à possibilidade de se industrializar" a produção da vida). Concluem pela viabilidade ética da prática, chamando a atenção para a aberração ética, verificada em alguns centros, de se manterem fetos vivos (por razões técnicas) durante a retirada dos tecidos a serem transplantados.Palavras-chave:
Aborto, autonomia, transplante de tecido fetal