Sobre a desfiguração do conceito de humano na bioética
Resumo
Este ensaio apresenta a interpretação hegemônica de “humano” na bioética e representa esse paradigma a partir do conceito de Dasein (ser-aí), de Martin Heidegger. A primeira parte do artigo discute de que maneira o “esquecimento do ser” (Seinsvergessenheit) possibilita emergir o “sujeito”, que encontra na razão e na metafísica modernas solo fértil para o predomínio do modelo dual, sujeito-objeto, em todos os fenômenos, e em específico na bioética. Buscando outro encaminhamento, na parte final do trabalho reflete-se acerca da originalidade da interpretação heideggeriana sobre a experiência humana enquanto Dasein. Pretende-se potencializar debate que possa alargar o horizonte da bioética ao desencobrir o conceito de “homem” e, com ele, toda uma gama de conceitos “herdeiros”, integralmente submersos em camadas calcificadas de tradição.