Conhecimento sobre diretivas antecipadas de vontade em hospital-escola

Autores

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento de profissionais de saúde e usuários sobre diretivas antecipadas de vontade em hospital-escola brasileiro. Aceitaram participar 145 pessoas, sendo 66,9% delas profissionais de saúde e 33,1%, usuários. A maioria dos participantes não conhecia diretivas antecipadas de vontade, com maior incidência entre usuários (61,9% dos profissionais, 91,7% dos usuários; p<0,001). Após serem instruídos acerca das diretivas antecipadas, 97,9% dos profissionais e 95,8% dos usuários (p=0,60) afirmaram que pessoas deveriam elaborar diretivas e que a responsabilidade de iniciar a conversa era do médico (56,7%, 58,3%, respectivamente, p=0,71). Após a pesquisa, 73,2% dos profissionais e 58,3% dos usuários (p=0,19) pensava em elaborar diretivas. Conclui-se que o conhecimento sobre o tema ainda está aquém do ideal no campo assistencial no hospital-escola avaliado, sendo menor entre usuários.

Palavras-chave:

Testamentos quanto à vida. Diretivas antecipadas. Conhecimento. Percepção.

Biografia do Autor

Ursula Bueno do Prado Guirro, Universidade Federal do Paraná

Médica Anestesiologista com área de atuação em Medicina Paliativa

Professora Adjunta no curso de Medicina em Medicina na Universidade Federal do Paraná

Pós-doutora em Bioética pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Mestrado e Doutorado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná

Residência médica em Anestesiologia pela Universidade Federal do Paraná

Médica pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Fernanda de Souza Ferreira, Universidade Federal do Paraná

Estudante de medicina

Lorena Van der Vinne, Universidade Federal do Paraná

Estudante de medicina

Giovana Ferreira de Freitas Miranda, Universidade Federal do Paraná

Estudante de medicina

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Como Citar

1.
Guirro UB do P, Ferreira F de S, Vinne LV der, Miranda GF de F. Conhecimento sobre diretivas antecipadas de vontade em hospital-escola. Rev. bioét.(Impr.). [Internet]. 5º de abril de 2022 [citado 24º de abril de 2024];30(1). Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/revista_bioetica/article/view/2981